segunda-feira, 6 de junho de 2011

Cristo e a sexualidade - Parte 4: fornicação, divórcio, homossexualismo e eunucos












Por Jorge Fernandes Isah

Na seqüência 3, Cristo e a sexualidade: a mentira liberal, afirmei que não foi por causa do sexo que Cristo não se casou. Exatamente porque o sexo, dentro do padrão bíblico, estabelecido por Deus, é santo. As corrupções humanas à idéia original de Deus é que tornaram o sexo em pecado, pois descumpriram os propósitos ao qual foi estabelecido pelo Criador. Então, deixei a pergunta: Por que Cristo não se casou? A qual, tentarei responder a seguir; após algumas considerações ulteriores. 
Ao falar sobre casamento e divórcio, Cristo disse que o homem jamais poderia repudiar a sua mulher, a não ser por causa de fornicação, ou seja, a mulher ter relações sexuais ilícitas com outro homem. Não entendo que Cristo está a falar de adultério. O adultério acontece dentro do casamento, e a Lei exigia a morte do adúltero, não o divórcio. O divórcio, mesmo entre os judeus, era praticado por outros motivos que não fosse o adultério. O adultério exigia a pena capital para o infrator. Penso que Cristo não veio "suavizar" a penalidade do adúltero, mas esclarecer que o divórcio somente era possível nos casos em que a fornicação fosse comprovada. Os judeus divorciavam-se por qualquer motivo, normalmente, banais. Cristo veio colocar um ponto final na banalização do divórcio, de tal forma que, apenas a depravação antes do casamento era a condição. Descobrindo o marido o que a esposa fizera, sem que o soubesse antes de casar, estaria permitido o divórcio. Qualquer outro motivo alegado para o divórcio não seria considerado, e ambos, ao se casarem novamente, cometeriam adultério [Mt 19.4-9].
Ao que os discípulos de Jesus disseram: "Não convém casar" [v.10]. Ao que o Senhor respondeu: "Nem todos podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido" [v.11]
Um aparte: o fato de Jesus ter dito que somente nos casos de fornicação o homem poderia repudiar a mulher e pedir o divórcio, não o torna a única opção. Há ainda a opção do marido perdoar a esposa, pelo passado que ela viveu e não lhe confiou antes do casamento. É claro que o marido terá de perdoar a esposa ainda sobre a omissão do seu passado. Mas creio que essa é uma possibilidade mais que real, especialmente se houver arrependimento da esposa em relação aos dois pecados. Não seria apenas um ato "nobre" do marido, mas, sobretudo, de amor e piedade, revelando o seu caráter cristão. É claro que isso envolverá várias circunstâncias, inclusive de personalidade e caráter de ambos, mas deixo registrado como uma probabilidade que eu defenderia nesse caso, como um princípio igualmente bíblico.
Os discípulos se assustaram com a afirmação de Jesus. Já que o homem não podia dispor da mulher e do casamento como e quando bem quisesse, assim, era melhor não se casar. A ideia é mais ou menos a seguinte: se não posso ter o que quero, do jeito que quero, prefiro não ter. Eles estavam dispostos a abrir mão de um privilégio, o casamento, por não querê-lo na forma como instituído por Deus. E estavam dispostos à intransigência, a um comportamento intolerante de não suportar a Lei de Deus. Acontece que a obediência à Lei deve ser entendida como a prova do nosso amor e temor por Deus, e a prova do nosso amor para com o próximo. A dicotomia Lei versus amor, não existe. Ela foi criada exatamente para que o homem cultivasse a desobediência e o desamor. 
Cristo então dá outra ducha de água fria sobre os discípulos, ao dizer que nem todos podem suportar a condição de solteiro. Provavelmente, devem ter-lhes passado pela cabeça: “estamos num beco-sem-saída”. Como diz o ditado popular: se correr, o bicho pega; se ficar, o bicho come. Nem todos, implicaria que muitos deles não estariam aptos a viverem solteiros sem fornicar, sem pecar. A voz de Paulo podia ecoar em seus ouvidos [pois é a voz do próprio Deus]: "Mas, se não podem conter-se, casem-se. Porque é melhor casar do que abrasar-se" [1Co 7.9]. Em outras palavras, ou resistiam ao pecado da fornicação e mantinham-se solteiros, ou teriam que ser obedientes a Deus no casamento, e não divorciar. Era a encruzilhada em que muitos deles se viram,  senão, todos. 
Novo aparte: O casamento somente é possível dentro do princípio divino de unir macho e fêmea. Qualquer outra conceituação, seja macho-macho, fêmea-fêmea, macho-fêmea-macho, macho-rodentia, fêmea-canis lupus familiaris, etc, pode ser chamada de qualquer outra coisa, menos casamento. O casamento pressupõe o casal, e para se ser um casal, tem-se de ser macho e fêmea, originalmente [Mc 10.6]. "Por isso deixará o homem a seu pai e sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, e serão os dois uma só carne" [Mc 10.7-8]. Formas deturpadas de casal, como dois homens coexistindo maritalmente, em que um faz o "papel" da mulher enquanto o outro o do homem, nada mais é do que a corrupção da criação. Operações de mudanças de sexo também são corrupções da criação, de tal forma que não são nada mais do que aberrações, imposturas ao padrão normativo de Deus. Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, "por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si" [Rm 1.24]. Deus denomina as formas de sexo não bíblicas [pois há apenas uma forma bíblica: entre homem e mulher, no casamento] como imundícia, e desonra aos que assim agem.  A palavra imundícia quer dizer porcaria, sujidade, lixo. É nisso que os homens e mulheres que praticam o sexo fora dos padrões bíblicos se tornam. Seja o sexo heterossexual ou homossexual, apesar deste ter um percentual ainda maior de torpeza e depravação. A fornicação heterossexual é pecado, onde se preserva o gênero. Há uma rebelião não quanto ao que Deus criou, mas na forma como os criou. A fornicação homossexual além de pecado contra a forma, a Lei, peca-se também contra a criação. Portanto, o homossexual é um pecador duplamente condenável, pois se rebela em duas frentes; ele guerreia contra Deus em duas batalhas distintas, resistindo-lhe como Senhor e como Criador. 
Voltando a Mateus, Cristo explicou aos discípulos porque nem todos podiam ser solteiros, visto ser necessário preencher uma das três condições seguintes:
1) Há os que são eunucos de nascença;
2) Há os que foram castrados pelos homens, que tiveram parte ou o todo do seu órgão sexual extirpado;
3) Há os que se fizeram a si mesmos eunucos, por causa do reino dos céus.
Ou seja, provavelmente, a maioria não estaria capacitada a ser e permanecer solteira. 
No primeiro caso, o eunuco seria alguém em cuja natureza não haveria nenhuma disposição ao sexo, do ponto de vista físico [uma deficiência congênita em seus órgãos genitais, ou hormonais, p. ex] ou uma condição estabelecida por Deus, em que não houvesse nenhum desejo pelo sexo, a fim de que ele cumprisse um determinado propósito divino. Aqui, vai um novo aparte. Alguns cristãos pensam, erroneamente, que Cristo se referiu a homossexuais quando disse "eunucos de nascença"; e o detalhe é simples: os eunucos eram impossibilitados de realizar o ato sexual. Um sinônimo para eunuco é castrado. A sua função mais importante era como guardião das mulheres, do harém do rei. Por isso, eram castrados, ou escolhidos aqueles que não eram funcionais, por motivos óbvios. O homossexual, que na Bíblia é chamado muitas vezes de sodomita ou efeminado, não tem disfunção sexual, e pratica uma sexualidade antinatural. Eunuco não é sinônimo de homossexual, pois o homossexual, via de regra, é ativo sexualmente, enquanto o eunuco, não. O que os homossexuais reivindicam é a posição de um terceiro sexo, quando mesmo um retardado, diante da foto de um homem e de uma mulher nus apontaria quem é quem. A questão é que se está levando a discussão para o lado da subjetividade, e, com isso, tudo o que é subjetivo adquire o caráter objetivo, ao ponto de se promulgar leis que defendem a subjetividade do terceiro sexo. O fato é que, por mais que se queira distorcer as palavras de Cristo, o "eunuco de nascença" não será, jamais, um homossexual. Apenas a ignorância poderá sustentar esse falso argumento.
Quanto aos eunucos que são castrados, já falei deles, e não há muito mais o que se dizer. 
Há, também, aqueles que se fazem eunucos, por causa do reino dos céus. Com isso, Jesus não está a dizer que são homens que se automutilaram fisicamente. Foi-lhes dado por Deus o privilégio de viverem exclusivamente para o Evangelho. Eles optaram em manterem-se castos, abstendo-se voluntariamente dos prazeres e da prática de qualquer relação sexual, por amor ao Reino. Eles não são eunucos no corpo, mas na mente. Estes são, verdadeiramente, os que podem receber as palavras de Cristo; e assim, como Paulo, ficarem como ele, porque "o solteiro cuida das coisas do Senhor, em como há de agradar ao Senhor" [1Co 7.32]
Na fala de Paulo, em conformidade com o que disse Cristo, nem todos podem ser solteiros porque "cada um tem de Deus o seu próprio dom, um de uma maneira e outro de outra" [1Co 7.7], de forma que aquele que casa tem o dom para o casamento, e o que não casa tem-no para a solteirice. E o importante é que, esteja casado ou não, o nome de Cristo seja glorificado, vivendo em obediência aos seus mandamentos.
E a resposta para a pergunta: Por que Cristo não casou? 
Tenho duas hipóteses; as mesmas respostas para a sexualidade de Cristo:
1) Cristo já nasceu casto, para se cumprir o propósito divino de se dedicar integralmente à sua obra e ministério.
2) Cristo se fez casto para cumprir a vontade do Pai e se dedicar integralmente à sua obra e ministério.
Pode ser qualquer uma das duas a resposta, mas tenho para mim que são ambas. Cristo nasceu para fazer a vontade do Pai, e quis viver para realizá-la, perfeita, santa, e completamente. Para que os eleitos pudessem ingressar no seu reino de glória, através da sua obra consumada; o fruto do trabalho da sua alma, no qual se satisfez [Is 53.11]; abstendo-se do sexo, não porque fosse pecado, mas para entregar-se completamente à sua divina missão.
Que Deus nos capacite, no casamento ou não, a viver em santidade, assim como o nosso Senhor é santo; sendo conformados, dia a dia, à sua imagem e semelhança, que nos levará a ser, pelo poder do Espírito Santo, como ele sempre foi e é. 

Nenhum comentário: